quarta-feira, 20 de abril de 2011

O Brasil somos nós

Não sei se é ranhetice, rabugice ou velhice, mas o fato é que a cada dia que passa, me irrito mais facilmente. Irrito-me com pessoas que jogam papel nas ruas e com os “espertinhos” que fazem ultrapassagens pelo acostamento.Mas, o que mais me deixa irritado é, ao comentar esses absurdos com alguém, essa pessoa tentar me convencer de que isso é normal, utilizando aquela velha frase “isso é Brasil”.Não. Não é. O Brasil não rouba, não mente, não engana a opinião pública. O Brasil é um país que ainda não virou superpotência devido à ganância e à incompetência dos nossos dirigentes. Nossa educação está cada dia pior, e o governador de São Paulo vem a público dizer que a “educação continuada” irá mudar. “Agora o aluno poderá ser reprovado nas 3ª e 7ª séries”, como se isso fosse grande coisa. Há 40 anos, aluno que não soubesse a lição, até realmente aprender.

Mas também, naquele tempo, a palavra dada valia mais que mil assinaturas. Os homens de bem apertavam as mãos e estava selado o contrato mais forte que se tem notícia. O contrato de honra. Naquele tempo, quem educava os filhos eram os pais, com suas cintas, arreios, rabos de tatu e fios de ferro. E todos os filhos viravam gente, não animais que espancam, queimam e matam índios, jovens e idosos e ficam impunes por “serem de menor”, ou porque o pai tem ligações políticas.
O Brasil não tem culpa de estarmos perdendo nossos valores morais. Se temos políticos corruptos, policiais assassinos e médicos estupradores, não é por culpa do Brasil. Nós somos os culpados. Somos culpados na medida em que nos escondemos na frente de uma televisão assistindo novelas e programas que ensinam trapaças, corrupção, desvirtuamento sexual, infidelidade e toda espécie de desonestidade.
E, ao desligarmos a televisão, temos a falsa sensação de que tudo está bem. Não, não está bem. Estamos indo para o buraco do mal caratismo, do salve-se quem puder, de uma terra sem lei, enquanto nossos políticos, eleitos e colocados no poder por nós, estão rindo e pensando onde vão gastar nosso dinheiro suado, espoliado de nós na forma de impostos.
Vejam o exemplo do Egito. Em 18 dias o povo acabou com um regime de 30 anos. Eles colocaram em prática o que está na nossa Constituição: “todo poder emana do povo e em seu nome é exercido”. Morreram 300 no Egito? Sim, morreram. Que morressem 3.000. Morreram por um ideal, morreram para escapar das garras de um ditador. Morreram para construir um país, uma nação melhor. Eu morreria para ver o Brasil sendo um país justo, sem miséria, com meus filhos podendo estudar sem pagar mensalidades exorbitantes, sem ver gente morrendo na fila do INSS, sem ver pessoas se alimentando nos lixões, oficiais e clandestinos. Eu morreria por um país melhor, pois o Brasil sou seu, o Brasil é você, o Brasil somos nós.

Texto autorizado por:
Francisco Reis - Editor Chefe
Revista Caminhoneiro 277

Um comentário:

  1. Agradeço ao Sr. Francisco Reis e compartilho da mesma indignação, como podemos mudar nosso País, onde escolhemos "palhaços, gatunos e velhas raposas já conhecidas no meio policial, ou ainda velhos ex-guerrilheiros que se acorvadaram e estão junto de mãos dadas às velhas raposas !? Realmente o nosso Brasilzão ... caminha para o "CAOS" !

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